quarta-feira, 10 de julho de 2013

Renato Russo: "há tempos" tão jovem

O que foi escondido é o que se escondeu,
E o que foi prometido,
Ninguém prometeu.

Nem foi tempo perdido...
“Somos tão jovens,” uma produção simples com um conteúdo muito rico. Sim, porque mostrar os passos de um gênio que sai do anonimato para um sucesso que, certamente, “tem seu próprio tempo”, supera qualquer simplicidade. Renato Russo já é, por si só, uma superprodução, não apenas representado nas telas, mas na vida de milhares e milhares de pessoas. Suas letras falam alto, gritam os pensamentos e sentimentos mais profundos de diversas gerações. Sua conexão com o mundo vai muito além de sua época. Em minha opinião não existem composições mais atuais, com destaque especial para “Que país é esse?” e a eterna “Pais e Filhos”, sem contar com “Teatro dos Vampiros” e por aí vai.
O filme “Somos tão jovens” faz uma leitura dos passos de Renato até ficar famoso, trazendo suas experiências, anseios, inquietudes e traços marcantes da sua personalidade. Vale a pena conferir! No final temos uma sensação de gratidão pela determinação de um rapaz que não tinha nem ideia do poder de suas palavras e de como elas representavam todos nós, o nosso país e vários universos particulares.
A final “esse é o nosso mundo: o que é demais nunca é o bastante, e a primeira vez é sempre a última chance, ninguém vê onde chegamos, os assassionos estão livres, nós não estamos.” Esse retrato é de qual época? Parece bem familiar, concordam?
Até breve!
Abraço
Mariana de Oliveira Wayhs – Publicitária
mawayhs@unicruz.edu.br

terça-feira, 9 de julho de 2013

Incidente em Antares: muito mais do que um Apocalipse Zumbi



Incidentes, geralmente, são inesperados e impactam nossas vidas.
Tomados de surpresa, reavaliamos nossas ações e conceitos, nem que seja por um instante. Agora, já imaginou se um morto ressuscitasse e contasse os segredos mais sujos de sua vida em praça pública? Seria o pior Apocalipse Zumbi que você poderia presenciar, não é verdade?
As chances de acontecer uma situação tão absurda são mínimas (não posso dizer nula, em respeito aos que esperam o fim do mundo), mas não é impossível para a Literatura. No livro Incidente em Antares, o escritor Erico Verissimo explora o Realismo Fantástico para narrar a história de sete mortos insepultos que levantam de seus caixões para atormentar a visão, o olfato e, principalmente, a consciência social de uma cidadezinha fictícia do interior gaúcho.
No último livro de Erico Verissimo (escrito em 1971), o escritor cruz-altense faz uma crítica não simplesmente à situação política da época (Ditadura Militar), mas à sociedade gaúcha e brasileira, refletindo sobre as condições que levaram ao Golpe Militar de 1968. No centro de tudo, Antares, pacata cidade de fronteira, com uma história sangrenta, marcada pela rivalidade entre duas facções: as famílias Vacariano e Campolargo. Em meio a esse conflito, o autor une contexto histórico e ficção, uma habilidade demonstrada em outras obras, como O Tempo e o Vento.
O “incidente” acontece no dia 13 de dezembro de 1963. A “ameaça comunista” une as duas famílias rivais contra o operariado da cidade. Em busca de melhores condições de trabalho, empregados das fábricas declaram Greve Geral. Os demais trabalhadores da cidade se unem à causa e a cidade para, incluindo os coveiros do cemitério, que impedem o sepultamento de sete pessoas. Sem poder descansar em paz, os mortos entram na cidade exigindo o sepultamento, caso contrário, apodreceriam em praça pública.
O espetáculo que se segue é o pior pesadelo possível: os defuntos juntam o povo para denunciar a sujeira, os jogos políticos, a corrupção e a hipocrisia da sociedade de Antares, um verdadeiro tratamento de choque para os moradores. Em tempos de movimentações sociais, Incidente em Antares continua como um livro atualizado, que dialoga com nossa época. Mas, depois de uma experiência sobrenatural tão intensa, o que aconteceu com Antares? A sociedade revisou seus conceitos? Os corruptos caíram do poder? As reivindicações dos operários foram atendidas? Afinal, o que Erico Verissimo tem a nos dizer sobre movimentos sociais?
Eu adoraria responder essas perguntas, mas estragaria a grande surpresa. Uma leitura leve, divertida e, ao mesmo tempo, perturbadora! Leiam!

Davi S. Pereira
Acadêmico de Jornalismo – Universidade de Cruz Alta
davipereira1993@gmail.com